" Porque bostas de Happy Ends não existem"

sábado, 19 de fevereiro de 2011
            Ao som de
Nosso Estranho Amor - Caetano Veloso

           Outro dia, falando bobagens com uma amiga, ela me mandou um trailer de um filme. Vi o trailer. De cara me apaixonei. O filme era estrelado pelos dois amores platônicos da minha vida: Wagner Moura e Letícia Sabatella. Aqui me encontro, assistindo ao filme, paralelamente com outras atividades. E exatamente por estar fazendo mil coisas, é que me prendo aos diálogos, as falas marcantes, as dores e aos amores expressados tão francamente naquelas vozes que me encantam.
            Então, sem mais, coloco aqui umas frases ditas no filme, com as quais me identifiquei.
A palavra paixão quer dizer sofrimento, por isso, quando se ama, se sofre"
O amor feliz não faz sucesso com ninguém, porque ninguém quer ver a felicidade alheia, sabendo que a sua vida não é assim"

Quando a gente é muito feliz, parece que a gente tá desafiando o mundo e eu tenho medo"

O amor vira um vício, e o ministério da saúde adverte: 'Amar faz mal pra saúde'."
         Só porque foi a primeira vez que eu vi um filme que não é SÓ uma história de amor, mas que fala de amor. Do amor puro, amor de verdade. Aquele que faz doer, que machuca, que arranca lágrimas durante as madrugadas aflitas. Não daquele amor de novela, com finais felizes e casaizinhos apaixonados até que a morte os separe. Um amor de Tristão e Isolda, de Romeu e Julieta, amor de verdade, sabe? Mas também mostra, que no fim, ninguém morre de amar.

Foi só uma história, ninguém vai morrer por isso."

Pra quem quiser ver o trailer, tai o link

Sem mais por hoje,

Saudações,

uma última carta

terça-feira, 25 de janeiro de 2011
      Ao som de
Nick Cave - O'Children


        Estava um tanto desnorteada, mas não sabia ao certo o motivo daquela inquietação. O dia foi passando, e eu não compreendia. Parei, vendo televisão. Sabe quando a gente fica sapeando pelos canais, sem assistir nada exatamente? Mas foi exatamente ali, parada, sem nada para fazer, que eu percebi o que me inquietava. Eram as coisas que não foram ditas, que ficaram por dizer. E assim, acabei aqui, mais uma vez debruçada sobre pilhas de papéis, escrevendo cartas que nunca envio e que ninguém, além de mim, lê.
Entenda, só estou te explicando todas essas coisas por que não quero que pense que não tenho nada para fazer ou ainda que estou buscando uma reconciliação contigo. Não é nada disso. É só uma angústia enorme que eu sinto com coisas inacabadas. E nisso você tem que concordar comigo, nossa história ficou inacabada.
      Por falta de palavras ditas, por meias-palavras proferidas, sei lá. Mas acontece que nós não tivemos um final adequado. E é o que me dói mais. Talvez porque quando as coisas não terminam realmente, ainda fique aquele restinho de sentimento, sabe como né? Fiquei imaginando como seria se um dia nós nos esbarrassemos na rua. Fica aquele constrangimento sem graça. Eu te pergunto sobre sua mãe e seu trabalho. Você me diz que tudo está bem, e me pergunta se estou gostando da faculdade. E nos despedimos. E é a parte mais engraçada. Os dois confusos, sem saber como nos despedir. Eu avanço para te dar um beijo, e você, com aquele seu jeito grosso, me afasta, e aperta minha mão. Tudo tão normal que soa estranho. Porque aquilo tudo não aconteceria normalmente, não entre nós dois. E quando eu me afasto, tenho vontade de chorar. E choro. Por toda aquela cumplicidade que se foi, e já não é mais.
      Ou então, imagina outra história. E se no fim de tudo, sem explicações e pontos finais, nós acabassemos amigos? Acho que talvez seria até pior do que o afastamento bruto. Depois de toda aquela história que vivemos, de todo o amor que nos incendiou por tanto tempo, acabar como amigos é um tanto quanto triste, não acha? Nós ainda nos veriamos sempre, e toda aquela cumplicidade - que eu acreditava que se perderia - continuava ali. Mas você, como meu amigo, me pediria conselhos. E me apresentaria a sua nova paixão. Eu, pacientemente, e sem ter o que fazer, a conheceria. A acharia esquisita, e não merecedora de todo seu amor, mas de nada valeria meu palpite. E teria de suportar a dor de vê-lo em braços alheios, beijando bocas alheias, seu perfume espalhado por corpos alheios. E quem sabe, você me convidaria para ser a madrinha do seu casamento. É, seu casamento. Aquele que haviamos planejado um dia, e que agora, pertencia àquela fulaninha esquisita, e não a mim. E como eu, sua amiga, poderia dizer não? Faria todo o papel de boa amiga, e sorriria no altar, vendo o seu final feliz. Feliz, longe de mim.
     Consegue entender o que me assustava, quando escrevi aquelas primeiras linhas? Sobre o meu medo de terminarmos assim, sem um final? Não estou dizendo que não quero ser sua amiga, não! Aliás, prefiro sim, sua amizade a nada. Mas, por deus, não aguentaria ser a sua melhor amiga, aquela a quem você confidenciará seus novos amores. Vou te propor uma coisa, então. Façamos um trato. Vamos nos sentar, e colocar um ponto final em toda nossa história? Não digo apagá-la. Só finalizá-la. Pedir desculpas por todas as besteiras ditas e feitas. Dizer o quanto nós nos lamentamos pelas mágoas e lágrimas ocasionadas. Somar as coisas boas, e guardá-las, para um dia, juntos, podermos recordá-las. Prometer nunca contar ao outro sobre novos amores, a não ser que um de nós encontre 'aquele' amor sabe? Aquele que é de verdade. Pegar as coisas ruins, juntos, e jogar fogo em tudo. Rir dos bons momentos. Nos abraçar e chorar uma última vez por tudo que passou. E uma última promessa, como casal, como cúmplices, como amigos. Prometer que nunca, nunca mesmo nada apagaria um de dentro do outro, e que aquela história poderia ser uma coisa boa, a ser contada depois de muitos anos para nossos netos e bisnetos, seja lá quem sejam nossos maridos e esposas. E então fim.
       E ficaria tudo bem. E poderiamos ser amigos, enfim. Que tal? Pode ser assim?

Saudações,

desabafo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

    O ano começou a exatos 23 dias, no entanto, não havia dado as caras por aqui até agora. Por quê? Talvez porque eu não tenha tido coragem, ainda, de dar as caras no mundo real. Sim, faz um mês, precisamente hoje, que saí da minha casa, em Curitiba, e iniciei meu processo de reclusão aqui, em Santo André. E neste mês que se passou, tanta coisa aconteceu que eu simplesmente não consegui enfrentá-las, pelo menos não como deveriam ser enfrentadas.
   Acontece que enfrentar a vida, agora, é muito mais difícil do que parece. E eu não quero, e sinceramente, não posso fraquejar. Porque eu sei, que assim que eu der as caras pra vida, e encontrar algumas pessoas, meu mundo vai, novamente, desabar.
   Mas enfim, não acho justo e nem conseguiria começar a escrever aqui novamente, sem ao menos fazer uma pequena menção a Ela. (: Talvez seja, para mim, o melhor rito de passagem que eu poderia dar a Ela.
Ela sempre me dizia, a vida toda, que tudo tem seu tempo, tudo tem sua hora e nada escapa da vontade de Deus. E essa é uma verdade muito fácil de se assimilar. Muito fácil. Quando não se trata de alguém que você ame e seja essencial a você, é claro. Deus poderia levar qualquer um, sim. Mas não Ela. Ela, acreditava eu, nunca partiria.
Quando eu era criança, e via, desde que tenho memória, todo o sofrimento que ela sempre passou, eu temia. Tantos cânceres e cirurgias, tantas dores e doenças. Pequena, eu imaginava que ela podia dormir para sempre, como aquela tia velha que tinham me levado pra ver no cemitério. Mas não era igual a tia velha. Não. Porque Ela, Ela me faria falta. E sem Ela, eu sofreria. E eu rezava, como Ela me ensinava. E pedia àquele tal Papai do Céu que não A levasse, que deixasse Ela cuidando de mim. E sabe, no geral o tal Papai do Céu foi bem bonzinho.
Os cânceres não A levaram. O destino sim, me levou pra longe dEla. Mas mesmo de longe, não havia um só dia que eu não falasse com Ela. Pra pedir ajuda, pra chorar, pra rir, ou simplesmente só pra ouvi-la. De longe, Ela já me fazia uma falta danada.
E agora, que os telefonemas cessaram, as longas conversas, as risadas, broncas e choros se foram. E a falta que Ela me faz? Não cabe dentro de mim. Conversei com o tal do Papai do Céu esses dias, e tentei negociar sabe? Falei o quanto eu gostaria de ter uma ligação direta ali no céu. Nem que fosse só de vez em quando. Pra quando a saudade apertasse muito, eu escutasse aquela voz calma dEla, me dizendo que tudo passa, e que nada escapa da vontade de Deus. Mas não teve negócio. E o tal nem se explicou. Mas eu sei bem do que se trata. Ele não quer é ter que dividi-La comigo, não.
E eu estou tentando, juro que tô. Tentando ser forte e não chorar. Tentando aceitar, que depois de tantos cânceres, foi uma gripe que A levou. Tentando acreditar que existe um céu, e que é pra lá que Ela foi. Até porque, se Ela, que foi como Ela foi, não tiver ido pro céu, então ninguém mais vai. Tentando, desesperadamente, seguir em frente. E viver. Mesmo com buracos enormes perfurando toda minha alma, todo meu ser.
E eu vivo, mesmo quase sem querer. E somente porque eu sei que é assim que Ela gostaria que fosse. Mas é fato, a falta que Ela me faz, não, não cabe em mim.
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.  [Eclesiastes, 3]

Um tanto quando dolorida, machucada e saudosista.
Um beijo, Bá.

Resoluções de Ano Novo

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
    Ao som de Slow Dancing in a Burning Room - John Mayer
http://www.youtube.com/watch?v=32GZ3suxRn4

     Passei a noite meio em claro, fazendo resoluções pro Ano-Novo. Toda aquela palhaçada de promessas que nunca se cumprem passam na minha mente. Ano que vem vou tomar menos Coca-Cola. Ano que vem vou parar de fumar. Vou emagrecer. Vou visitar mais a minha avó. Não vou deixar tudo pra última hora. Vou passar mais tempo com a minha família. Não vou deixar de passear com o cachorro. Vou caminhar todos os dias. Não vou dormir demais, nem de menos. Vou cuidar mais da minha saúde.  E aquele blablabla de sempre.
    Mas não mais. Este ano não. Pra 2011 eu quero muito mais. Porque eu decidi que não vou fazer uma listinha de coisas que nunca saem do papel. Eu quero colocar em prática. E pra isso, eu preciso de planos mais concretos, mais reais. E então eu decidi que minha única resolução pra este ano é SER FELIZ. Não importa se eu vou tomar menos ou mais Coca-Cola, vou tomar quanto e quando eu tiver vontade. E eu não vou deixar de comer o que eu gosto e sinto vontade por medo de engordar. E não importa se vou deixar as coisas pra última hora, eu vou fazê-las no meu tempo. Nem vou deixar de fazer besteiras com medo de prejudicar minha saúde. Porque a vida é uma só. E não adianta ficar deixando tudo pra depois, acreditando que vai viver 100 anos.  Até porque, sinceramente, quando eu tiver 100 anos, não acredito que eu vá fazer muito mais além de tomar remédios e ver novela da Globo.
    Mas talvez, eu não precise de muito. Como diria Caio Fernando Abreu: 'Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Eu gosto de gostos, eu gosto de pele, de cheiro, de amor verdadeiro.' Porque as mesmas coisas enjoam, e eu prefiro mudar. E eu estou cansada das mesmas férias, nos mesmos lugares, dos mesmos porres, dos mesmos amantes. E talvez este seja o caminho da felicidade: MUDAR. (:
    E é só isso que eu espero para 2011.

Saudações, e até o ano que vem.
Um beijo.

Bá.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
    O namorado que eu ainda vou encontrar é um cara diferente. Porque os caras normais não tem a menor graça. A gente vai se encontrar em um parque, no Jardim Botânico talvez. Ou em uma livraria, esbarrando entre uma estante e outra, com pilhas de livros nas mãos. E quando a gente se esbarrasse, os dois nos olhariamos, como se já nos conhecessemos de outra vida, e sorririamos, cúmplices, achando engraçado a distração um do outro. E ele pegaria os livros que eu derrubei no chão, e ao ver ali um Fernando Pessoa, se encantaria por termos algo em comum. Trocariamos telefones. Mas eu, boba, esqueceria aquele papelzinho no fundo da bolsa. E surpreendentemente, ele não esqueceria. E com mais surpresa ainda, ele me ligaria no outro dia e ficariamos no telefone por várias horas, nos descobrindo, descobrindo coisas em comum. Marcaríamos outro encontro, naquele restaurante mexicano que eu tanto adoro, e que por coincidência era o seu favorito também.
    E foi só ali no restaurante, que eu vi a beleza daquilo tudo. Ele estudava engenharia, matemática, algo com números, mas também se interessava  por história e arte. Juntos, falamos sobre Platão, Sartre, Leonor d'Aquitania, Einstein e outras bobagens. Juntos, comemos tacos, nachos e quesadillas. Juntos, enchemos a cara com mojitos e tequila. E rimos. Riamos de tudo, de todos, e parecia que estavamos juntos há mil anos. E entre uma tequila e outra, nos beijariamos. E seria o primeiro beijo mais perfeito que qualquer casal poderia ter dado. E aquela história de sininhos no ouvido quando se beija sua alma gêmea? É, eu ouviria. E esqueceria todas as velhas histórias. Porque nenhuma delas seria nenhum terço do que aquele único beijo foi para mim.
    E ele gostaria das mesmas bobagens que eu. Riria dos meus filmes água com açúcar que me fazem chorar.  E não se importaria de eu voar a semana toda, e estar em casa só em dias alternados. Saberia que o céu era minha maior paixão, e não tentaria competir com isso. Me convidaria para passar os fins de semana olhando o mar, em qualquer praia, desde que estivessemos só nós dois. E nadariamos juntos, brincando com os cabelos um do outro. E ele amaria deitar na grama pra olhar as estrelas de mãos dadas comigo.  E ele faria milhões de piadas sem graça, que me fariam rir do mesmo jeito.
    Nada ou nenhuma sensação se compararia ao amor dele. E juntos seriamos como almas, soltas no céu, voando lado a lado. E eu não precisaria de mais nada. Só daquela companhia. E tudo seria perfeito, com ele comigo.

Nos meus sonhos, quem sabe né?

Saudações,
um beijo

das bobagens que eu penso

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
    E hoje eu fiquei imaginando o que teria sido - e não foi da nossa história. E não é pra fazer sentido. É só uma suposição, do que poderia ter acontecido.
    Eu acordaria uma manhã e nós - ainda - seriamos os melhores amigos do mundo. E como todas as manhãs, nós acordariamos, cada um em suas casas, e iriamos ao encontro um do outro. Porque a saudade era grande demais para aguentar. E juntos, em qualquer lugar, nos abraçariamos. Aquele abraço que só você sabe como dar, que me tira da órbita terrestre. Então iriamos tomar um café, e você, sempre comilão, pediria comida demais. E eu, como sempre, não comeria quase nada, e ficaria só olhando você comer, encantada com as brincadeiras bobas que você sempre faz.  Saindo do café, a gente andaria pela rua, de mãos dadas, mas não como um casal. E eu iria acender meu cigarro, e você, iria tirá-lo da minha mão, brigando comigo. Assim passariamos o dia, brigando e fazendo as pazes. Rindo e chorando. Nos abraçando e nos batendo. E iriamos a um lugar qualquer onde você iria jogar videogames e eu ficaria te observando, enquanto você me ignoraria completamente. E nós brigariamos por isso. E um cara qualquer ali daria em cima de mim, e você ficaria bravo, fazendo bico, mas ainda assim, não falaria nada. E no fim do dia, você me levaria até em casa, e no portão me abraçaria forte. Nos olhariamos, e ficariamos ali parados. E por um momento, eu pensaria em te beijar. Mas não beijava.
E assim passariam muitos e muitos dias. E nós sempre estariamos juntos.
    E além dos dias, passaram-se anos, e nossa amizade - nosso amor - se fortalecia sempre e continuamente. Porque nós eramos almas unas, corpos separados com uma única alma.  E um dia, eu apareceria com um namorado, cansada de esperar pela sua iniciativa. Mas você não aguentaria mais um dia sem tomar a iniciativa, vendo que iria me perder. E me pediria para ficarmos sozinhos. E sozinhos, você me declararia seu amor antigo. E eu ficaria muda. Silêncio. Mas então, você se aproximaria, e docemente beijaria meus lábios. E tudo pararia. O mundo pararia para nos ver, ver nosso amor. E tudo seria perfeito. Porque os maiores amores vêm das melhores amizades, não é?

Só uma historinha boba (:

Saudações,
Bá.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
   Baixei aquele filme que você tinha baixado na sua casa, pra gente ver, mas que acabamos não vendo. E fiquei assistindo. Pensando naquela história, na do filme, não na nossa. Mas, deus do céu, ela era tão parecida com a nossa. E me peguei imaginando como seria ter visto o filme lá, na sua casa, com você. Teria mudado alguma coisa? Do caos em que tudo se transformou, haveria - talvez - uma forma diferente das coisas acontecerem.
     O filme fala sobre amor. E sobre como 500 dias mudam essa visão apaixonada que se cria. E em  como a gente muda de opinão com o tempo. Por exemplo, eu e você. Eu amava seu cabelo bagunçado, tão displicente. Amava seu jeito de piscar quando sorri. Amava seu sorriso torto. Seus cílios enormes, que deixavam seus olhos mais bonitos. Seus ossos das costas proeminentes. Sua bagunça organizada. Amava sua voz calma, meio infantil, quando você queria conversar sobre algo sério. Sua timidez na frente dos meus amigos. O jeito como você cuidava de mim quando eu estava bêbada. A forma como você brigava comigo por eu estar bêbada. Mas não mais. Não amo mais nada disso. E, se você quer saber, são exatamente essas coisas que mais me irritam em você. Seu cabelo bagunçado, que te dá um ar de um garotinho de 15 anos. O jeito bobo como você pisca sorrindo. Seu sorriso incrivelmente torto. Seus cílios enormes, que afeminam seus olhos. Suas costas ossudas demais. Sua bagunça incontrolável. Me irrita sua voz calma demais, meio infantil, quando deveria estar falando de algo sério. A sua timidez estúpida na frente dos meus amigos, que beirava a ser caipira. O jeito mandão como você cuidava de mim quando eu estava bêbada. A forma chata e paternal como você brigava comigo por eu estar bêbada. Me irrita.


    O filme fala sobre contos de fada, destino. E sobre como há dois tipos de pessoas diferentes no mundo: as que acreditam nisso, e as que não acreditam. Eu e você. Porque, para mim, a vida sempre é definida pelo destino, não existem coincidências nem sorte. E tudo está planejado, e eu sei - tenho certeza de que há uma história perfeita pra mim, que já está escrita, e está a minha espera. E eu acredito que existe sim finais felizes, e que o amor da minha vida - meu principe encantado está logo ali, e eu vou encontrá-lo. Talvez eu pense assim apenas porque eu acredito demais em filmes românticos, novelas shakesperianas e em músicas melodramáticas. E você não. Porque, para você, a vida não passa de um amontoado de coincidências, e tudo de bom que pode acontecer - e acontece, não passa de sorte. E se a vida é ruim, é só porque você não teve sorte o suficiente para que ela fosse boa. E você não acredita em amores com 'foram felizes para sempre' e nem acha que exista alguém perfeito para você. Você é cético quanto ao amor, e prefere estar só, a sofrer por alguém que - obviamente - não te merece. E talvez você pense assim porque acredita demais nos números e estatísticas - como dos divórsios - e prefira ver filmes trágicos à historinhas de amor 'água com açúcar'.
    E quando acabou, eu acreditava que era porque você não estava no meu destino, e porque você não era 'aquele' cara, sabe? Mas o tempo passou, e ainda passa. E eu vi. Vi que você estava certo, todo o tempo. Que não, não existe essa história de felizes para sempre ou almas gêmeas. Não existe 'aquele' cara que é perfeito para você. E a vida não passa de um amontoado de de coincidências. Mas então, eu fiquei pensando, e no meio de milhões de pensamentos eu percebi o quão sem graça é essa sua análise de vida. Tudo bem, não nego, você está certo. É assim que a vida é. Mas, poxa, por que eu iria querer saber que nunca vou ser 100% feliz e não vou ter um 'happy end'? Eu sei que você está certo. Mas, ainda prefiro acreditar no meu final feliz, mesmo que seja uma mentira. (:

PS: Referências do filme: 500 Days of Summer - Direção de Marc Webb
Personagens principais: Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zoey Deschanel)
Lançamento em 2009
Trailer aqui

Recomendo, é bem bonitinho e realista.

Saudações,
Bá.